Valmir Moratelli
https://orcid.org/0000-0002-6071-1360
Doutor em Comunicação pela PUC-Rio e autor do livro “A invenção da velhice masculina” (ed.
Matrix), fruto de sua tese de doutorado. Desenvolve pesquisas sobre envelhecimento, representação
de gêneros, masculinidade e novas formas de linguagens audiovisuais.
PhD in Communication from PUC-Rio and author of the book The Invention of Male Old Age (Matrix
Publishing), based on his doctoral thesis. He conducts research on aging, gender representation, masculinity,
and new forms of audiovisual languages.
Este artigo passou por avaliação por pares cega e software anti-plágio.
LICENÇA ATRIBUIÇÃO NÃO COMERCIAL 4.0 INTERNACIONAL CREATIVE COMMONS CC BY-NC
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O VELHO NA IDADE MÉDIA: REPRESENTAÇÃO DO CORPO
ENVELHECIDO ENTRE A FÉ E A PESTE
RESUMO
O artigo aborda questionamentos sobre a representação do envelhecimento exemplificada em quatro
artes pictóricas do período compreendido como Baixa Idade Média. Entendendo a velhice como
conceito construído socialmente, compreende-se como parâmetros estabelecidos à época se perpetuam
ainda hoje no Ocidente. O objetivo é compreender a categoria ocupada pelo sujeito velho diante do
transformador contexto social de pandemias trazidas, entre outros motivos, pelo adensamento
populacional. Como metodologia, utiliza-se a interpretação de quatro obras bastante emblemáticas do
período aqui proposto, para se ilustrar as formas de vida em diálogo com pensamentos (Goffman, 2017;
Hall, 2000; Le Goff, 1989; Morin, 1970) que dialogam, entre si, nos campos da História da Arte,
Comunicação e Gerontologia. Contribui-se, assim, com uma discussão de combate ao etarismo e maior
visibilidade a grupos estigmatizados, a partir de estudos historiográficos e artísticos em consonância
com os campos de Estudos Culturais. Nas considerações finais, entendemos a velhice, como comumente
chamamos uma certa etapa da vida biológica, associada a uma proximidade com a finitude,
incapacidades e doenças; portanto, por uma origem aparentemente medieva e carregada de estertipos
perpetuados ao longo dos tempos.
Palavras-chave: Idade Média. Velhice. Representação.
THE OLD MAN IN THE MIDDLE AGES: REPRESENTATION OF THE AGING
BODY BETWEEN FAITH AND THE PLAGUE
ABSTRACT
The article addresses questions about the representation of aging exemplified in four pictorial arts from
the period understood as the Low Middle Ages. Understanding old age as a socially constructed concept,
it is understood how parameters established at the time are still perpetuated today in the West. The
objective is to understand the category occupied by the elderly subject in the face of the transforming
social context of pandemics brought about, among other reasons, by population density. As a
methodology, we use the interpretation of four very emblematic works from the period proposed here,
to illustrate the forms of life in dialogue with thoughts (Goffman, 2017; Hall, 2000; Le Goff, 1989;
Morin, 1970) that dialogue, among themselves, in the fields of Art History, Communication and
Gerontology. This contributes to a discussion of combating ageism and greater visibility for stigmatized
groups, based on historiographical and artistic studies in line with the fields of Cultural Studies. In the
final considerations, we understand how old age, as we commonly call a certain stage of biological life,
is associated with proximity to finitude, disabilities and illnesses; therefore, due to an apparently
medieval origin and full of stereotypes perpetuated over time.
Keywords: Middle Ages. Old age. Representation.
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INTRODUÇÃO
“Todas as coisas boas devem ter um fim”
(Provérbio medieval, registrado em A Partonope de Blois, de 1440)
Por ser uma construção sociocultural, atrelada a uma produção de contexto histórico
(Hall, 2016), a categoria “velhice” não pode ser definida como algo fixo, homogêneo. Desse
modo, seu significado é diferente em cada época, em cada sociedade. O objetivo deste presente
artigo é compreender como o sujeito envelhecido é representado em algumas das mais
conhecidas obras de arte que atravessam o pensamento vigente na Europa na fase anterior à Era
Moderna, que firmaria conceitos hipoteticamente ainda hoje enraizados no Ocidente. Ou seja,
conceitos que conotam a velhice em sua proximidade com a finitude, incapacidades e doenças.
A Idade Média
1
, período compreendido entre os séculos V e XV, se inicia com a queda
do Império Romano do Ocidente e termina com a transição para a Era Moderna. É a fase na
qual o cristianismo se dissemina pela Europa e surgem diversos monastérios, edificações que
passam a abrigar a vida intelecto-cultural da região, dominada por uma filosofia que procuraria
unir fé e razão. É o período no qual a humanidade superestima força física, procriação e honra,
valores indispensáveis em um mundo instável e ameaçador devido, muito em parte, ao
adensamento populacional e, entre suas consequências, pelo avanço de pestes.
Como metodologia adotada, foram selecionados estudos de historiadores, antrólogos e
sociólogos (Huizinga, 1978; Rodrigues, 1999; Ariès, 2000; Elias, 2001; Roncière, 2009; Eco,
2010; Le Goff e Truong, 2012), que dão conta do panorama geral da época. A partir dessas
leituras e do embasamento teórico assim proveniente, num segundo momento pretendemos
impor às imagens um interrogatório histórico. Para isso foram selecionadas para análise quatro
obras de impacto visual e bastante difundidas em estudos da história da arte. São elas: “A
Lamentação”, afresco da Capela degli Scrovegni, localizada em Pádua, na Itália, criado por
Giotto di Bondone em 1305; e as pinturas “Triunfo da Morte”, do belga Pieter Bruegel, datada
de 15621563, A Extração da Pedra da Loucura, do holandês Hieronymus Bosch, de 1501,
e, por fim, “Danse Macabre”, do alemão Bernt Notke, de 1493. Todas elas, portanto, do período
classificado como Baixa Idade Média, de 1300 a 1500. Escolhemos este recorte temporal pela
proximidade com as transformações que se dariam logo à frente, com a Era Moderna e o
advento da Revolução Industrial. É uma fase de transição significativa para o Ocidente, tanto
por questões socioeconômicas, quanto por exemplares artísticos até então desenvolvidos.
1
Frisa-se que “Idade Média” é uma expressão que empresta forma a numerosas periodizações, muitas delas pelo controle da ideia de passado
tanto pela imagem de “Longa Idade Média”, de cerca de 1.500 anos; quanto pela ideia de que a Idade Média seria uma convenção, logo
nunca existira de fato.
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A devida descrição das obras e a interpretação das mesmas, em comum acordo com o
embasamento teórico, nos permitirá levantar alguns apontamentos sobre o modo de vida do
sujeito envelhecido, ainda que se saiba do perigo inevitável das interferências do olhar
contemporâneo sobre o passado. O recorte temático das obras imagéticas mencionadas se dá,
adiantando-nos ao debate proposto, a uma compreensão de leituras possíveis sobre o corpo
velho inserido socialmente em sociedades europeias em franca expansão.
Ao estudar população de aldeias europeias dos séculos V ao VIII, o historiador francês
Michel Rouche (2009) reforça curiosa constatação de instabilidade no que tange à expectativa
de vida em torno de 45 anos para homens e entre 30 e 40 para mulheres, que frequentemente
morriam entre os 18 e os 29 anos em consequência de partos malsucedidos. Em geral, a taxa de
mortalidade infantil também era bastante elevada, em 45%. Para efeito de comparação, a menor
expectativa de vida em 2020 no planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), era
da República Centro-Africana (Pinheiro, 2020), cujos moradores tinham expectativa de 53 anos
ao nascer. Neste contexto medieval, Rouche detalha que era:
(...) preciso ter muitos filhos e muitas mulheres para sobreviver. De fato, as
taxas de natalidade e de mortalidade estavam bem próximas, 45% nos dois
casos, com violentas variações nesse curto termo. Os velhos eram raros, mas,
depois de passar dos quarenta anos, suas chances duplicavam. (...) A média de
idade dos eremitas girava em torno de 67 anos para as mulheres e 76 para os
homens (Rouche, 2009, p. 446).
De toda forma, o velho era aceitável se se comportasse como homem “maduro”. Se
não fosse desse modo, tudo que lhe restava era “fazer doações a uma abadia e ali encerrar-se
para, em troca, receber uma prebenda para seus velhos dias” (Rouche, 2009, p. 452). Trouxemos
nesta introdução uma leitura etária do homem envelhecido, para que se perceba como tal
categoria obedece a uma organização social em constante transformação, sempre de acordo
com alterações sociopolíticas também atreladas a condições de vida.
Diante da vastidão de possíveis recortes à época, como dito, concentrar-se no
período da Baixa Idade Média, período que corresponde desde meados do século XIV até século
XVI, representando o final da Idade Média, quando a Europa vive crescimento demográfico
acentuado e vivencia a expansão do comércio, à medida que inovações cnicas e agrícolas
permitem uma maior produtividade de solos e colheitas. Em contrapartida, o adensamento
geográfico promoveria guerras e sucessivas pestes nas regiões da Eusia, a massa territorial
formada em conjunto pela Europa e Ásia, separada pela cordilheira dos Montes Urais,
localizado na Rússia, pelo Rio Ural, pelo Mar Negro e pelo Mar Cáspio.
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a peste negra foi responsável pela morte de um terço da população europeia entre
1347 e 1350 (Benedictow, 2006). No período, a mortalidade de homens e mulheres, dos novos
aos mais velhos, em várias partes da Europa, foi tão grande que era quase impossível enterrar
os mortos. As pessoas adoeciam e morriam subitamente. Em muitas cidades, os padres
temerosos retiravam-se, deixando o exercício das suas funções para religiosos mais destemidos
(Marques, 2013). Em termos humanos, a peste foi um desastre. A maioria das regiões perdeu
entre um quatro a um terço da população. A mortalidade era mais alta nas cidades, mas aldeias
inteiras deixaram de existir durante as várias pragas que se seguiram.
Segundo levantamento de Marques (2013), houve pragas em 1358, 1361, em 1368-
1369, e uma outra, em 1374-1375, que foi particularmente grave na Inglaterra. Como se
percebe, era um lamentável cotidiano medieval. É neste contexto que nos interessa entender
algumas representações artísticas do sujeito idoso, que parecem carregar elementos reveladores
sobre o pensamento à época.
Faz-se ressaltar que, diante dos desafios ainda recentes trazidos pela pandemia de
Covid-19 e longe de estarem aplacados, foi revivido o estigma (Goffman, 2017) do idoso como
um ser descartável e inútil. Mesmo que nosso foco não seja os dilemas contemporâneos,
entendamos como as origens desse pensamento se atrelam a movimentos de agitação social,
que colocam à prova a organização hierárquica de privilégios preestabelecidos.
CLASSIFICAÇÕES ETÁRIAS
Um fato que favoreceu o aparecimento de epidemias foi, segundo Jacques Le Goff
(1989), a grande concentração da população nas cidades cercadas pelas muralhas construídas
no século XIV, com a função de dividir o espaço urbano do campo e de proteção em períodos
de guerras. É também por isso o período de grandes fortificações. Não por acaso seriam os
monastérios responsáveis por preservarem, em sua maioria, a tradição dos saberes. A fundação
do Mosteiro de Monte Cassino, na Itália, base da ordem beneditina, no ano de 529, coincide
com um decreto do imperador cristão Justiniano [482 d.C.565 d.C.] no mesmo período, que
ordenava o encerramento da Academia Platônica em Atenas. Ao sobreviver durante quase mil
anos desde sua criação por Platão, o fim da Academia significou a paralização da educação
grega no Ocidente e o início de um novo tipo de instituição educativa, oriunda exclusivamente
dos mosteiros cristãos.
Rui Nunes (2018) relata que “São Basílio notara a conveniência de separar as
residências dos meninos e dos adultos nos mosteiros, tendo observado que os jovens precisam
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de movimento e que os mais velhos não devem ser perturbados” (Nunes, 2018, 168). Ele cita o
livro A Regra de São Bento, escrita por Bento de Núrsia no século VI, por haver um conjunto
de preceitos destinados a regular a vivência de uma comunidade monástica cristã, regida por
um abade
2
. Aconselha-se, por exemplo, o “espírito de compreensão, a misericórdia com os
velhos e as crianças no que tange à alimentação” (Vários, 2012, p. 115). Como numerosos
bispos do século VIII chegavam “a idades respeitáveis, parece que estamos diante da (...)
clássica longevidade dos celibatários consagrados, cuja vida é menos agitada que a dos leigos”
(Rouche, 2009, 446-447).
A velhice para o homem medievo teve diferentes aspectos classificatórios. Roncière cita
o poeta italiano Dante Alighieri [1265-1321], para quem a velhice começaria aos 45 anos, o
que a faz avançar amplamente na população dos pais e mesmo dos pais recentes, pois que os
limites das idades dos pais cujos bebês têm menos de um ano, na Toscana de 1427, vai de trinta
a cinquenta anos, e sua idade média é de quarenta anos” (Roncière, 2009, p. 234).
Há, entretanto, uma velhice mais próxima à que se compreende hoje, a decrepitude
(termo da época), que, para Dante, se inicia aos 70 anos. Sabe-se que os indivíduos nesta faixa
etária não eram em número elevado 3,8% da população em Prato, em 1371, 4,8% em
Florença, em 1480 (Roncière, 2009, p. 234), chegando a representar 10% dos camponeses
toscanos em 1427.
(...) Nesses dois casos, o velho, sempre chefe da família, dirige
frequentemente lares extensos, em que coabitam com ele uma ou várias
famílias de filhos, ou até de netos. Em relão a esses patriarcas, os
memorialistas como Alberti demonstram um grande respeito e encorajam
vivamente interrogá-los, escutá-los, obedecer-lhes em razão de sua
experiência. Insistem também para que se cuide do conforto de seu quarto. Na
realidade, a atitude da família em relação ao velho é mais ambígua, e o
respeito, por momentos, atingido (Roncière, 2009, p. 234).
O desafio deste presente trabalho é entender como tal realidade se transmite na
representação artística que será colocada mais à frente. Entretanto, antes de trazermos tais
exemplificações na imagem do homem envelhecido, se faz necessário compreender qual era o
conceito de “corpo” à época.
ESTADO DA ALMA
Faz-se surgir, no contexto das grandes pestes, um pensamento no qual estão atrelados
os sentidos de corpo e alma. Não seria possível falar de corpo sem falar de alma, portanto. Um
2
Título do superior dos monges de uma abadia autônoma ou dos membros de certas ordens ou congregações religiosas monástica.
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dos pensadores da época, Tomás de Aquino [1225-1274] traz a possibilidade de observar o
movimento exterior do corpo como gesto da alma, onde a sua estrutura profunda tais como
desejos, sentimentos e pensamentos está refletida no modo de agir deste (Oertzen, 2015). O
estado do corpo estaria intimamente relacionado com o estado da alma, sendo sua intercessão
a imagem do homem entre o céu e a terra.
(...) Sobriamente buscava não deixar cindir a vida do espírito da vida da
matéria, que foi a característica predominante da vida religiosa até então e,
por outro lado, que esta nova visão científica da natureza não se tornasse uma
interpretação puramente naturalista e racional pois, assim, a matéria perderia
o espírito (Oertzen, 2015, p. 108).
Assim, o corpo velho não transmitiria sentido e segurança à sociedade. Por isso era
destinado a eles, assim como aos moribundos, o isolamento. “O corpo medieval não era um
mero revelador da alma: era o lugar simbólico em que se constituía a própria condição humana”
(Rodrigues, 1999, p. 56). O desgaste natural do corpo refletia uma repulsa social imediata. Uma
das fraquezas dessa sociedade foi o isolamento precoce dos enfermos; seria este, “um
testemunho das dificuldades que muitas pessoas têm em identificar-se com os velhos e
moribundos” (Elias, 2001, p. 5).
Como os membros do estrato mais alto nessas sociedades portavam armas como
apêndice indispensável em sua interação com os outros, pessoas fisicamente consideradas
fracas tais como velhos, mulheres e crianças “permaneceriam em geral confinados à casa
ou ao castelo, vilarejo ou quarteirão urbano habitado por seu próprio povo; podem aventurar-
se fora com proteção especial” (Elias, 2001, p. 24).
A noção platônica da alma concebida como uma substância espiritual, que é a forma do
corpo (Aristóteles), ganha outras interpretações com Aquino. Este compreende a potência da
matéria como sua essência, ou seja, o corpo tem a alma na qualidade de princípio. Um exemplo
para a inseparabilidade entre o corpo e a alma “se traduzia de modo vivo na sensibilidade
medieval relativa à dor” (Rodrigues, 1999, p. 57). O sofrimento corporal tinha um sentido
mítico e coletivo, nunca individual.
A característica estética tinha, para Aquino, a mesma complexidade do pensamento,
visto que se refere ao mesmo objeto, a realidade substancial (Eco, 2010). A questão do
envelhecimento passa a estar atrelada, então, à perda das qualidades, não apenas físicas, mas de
essência do indivíduo. É quando a morte se torna característica habitualmente associada ao
velho uma forte associação ainda hoje tão comum no Ocidente. O sujeito envelhecido é, neste
ponto de vista, um portador da iminência da morte. A metafísica medieval, para Umberto Eco
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(2010), refuta o gnosticismo demonstrando que a unidade, verdade e bondade não são valores
acidentais, mas inerentes ao ser em nível metafísico. Disso resultaria de um resgate aristotélico
para quem toda a coisa que existe é verdadeira e boa, e apenas o tempo a desgasta. Huizinga
(1978) introduz em sua análise estes hábitos visíveis.
(...) Ainda no século XV as pessoas gostavam de ser consideradas esprits forts
e ridicularizar a piedade dos que a tinham. A palavra papelard no sentido de
hipócrita era usada frequentemente pelos escritores laicos do tempo. De jeune
angelot vieux diable (De um jovem santo se faz um velho demônio), dizia um
provérbio, ou, em solene latim, Angelicus juvenis senibus sathanizat in annis.
(...) Um ar descarado, uma linguagem grosseira e o hábito de praguejar,
olhares e gestos imprudentes são apreciados nos rapazes? Pois bem, o que
pode esperar-se na velhice de uma juventude satanizada! (Huizinga, 1978, p.
123).
A proximidade de definições entre velhice, invalidez e morte torna-se recorrente,
portanto, avelhice se contrapunha, inclusive, ao amor. Ao interpretar o clássico poema
medieval Romance da Rosa
3
, escrito como um sonho sobre o amor, Huizinga (1978) afirma que
o sentimento descrito seria possível a quem estivesse “isento de ódio, de traição, de vilania,
de avareza, de inveja, de tristeza, de hipocrisia, de pobreza e de velhice” (1978, p. 85). Na obra,
o motivo sexual é colocado no centro da poesia erótica, ao se descrever o que seria o “jardim
das delícias”, um lugar inacessível a quem não fosse eleito ao amor. E quem estaria de fora?
Entre eles, os pobres, vis e velhos. Logo, a velhice é uma característica impregnada de
subvalorização. Isso tem relação direta com o fato de que, ainda no século XV, as pessoas
gostassem de ser consideradas esprits forts, como mencionado e, por tal, ridicularizarem a
piedade dos que a tinham.
Essa relação de proximidade entre velhos e doentes aparece de forma recorrente à época.
Em O Processo Civilizador, o sociólogo alemão Norbert Elias (1994, 106) relata que, no fim
do reinado de Luis XV em meio a um anseio de reforma e intensificado como sinal externo
das mudanças sociais, o conceito de “civilização passa pelas alterações de comportamento
aplicado a numerosas funções corporais. E cita como exemplo um trabalho anônimo, La Civilite
honete [sic] pour les enfants [supostamente de 1780], no qual se diz:
(...) Em seguida, ele colocará o guardanapo sobre o corpo, o pão à esquerda e
a faca à direita, a fim de cortar a carne sem despedaçá-la (...). arrancar pedaços
de carne é considerado hábito rústico e cortá-la, evidentemente, maneira
urbana. Ele também tomará cuidado para não pôr a faca na boca. Não deve
deixar as mãos em cima do prato... nem pôr os cotovelos sobre ele, porque isto
só é feito pelos velhos e pelos doentes (Elias, 1994, p. 107).
3
Roman de la Rose, em francês. A primeira parte foi escrita por Guilherme de Lorris em 1230. A segunda parte foi finalizada por Jean de
Meun, por volta de 1280.
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Referência nos estudos histórico-artísticos sobre a peste negra, Painting in Florence and
Siena after the Black Death, do americano Millard Meiss (1951), conta como a inventividade
revolucionária do pintor italiano Giotto de Bondone [1266 1337] e de outros mestres ativos
no início do século seria seguida por um retorno à hierarquia espiritual, com foco na
representação do divino em detrimento do humano, carregada de significados como pessimismo
e culpa. Muitos críticos de arte apontam Bondone como o precursor da pintura renascentista,
um elo entre a arte a religiosidade da medieval e bizantina e as técnicas de tridimensionalidade
que se imporiam como padrão no Renascimento. Mais até: a pintura de Bondone traz o humano
para o divino, num inicial estudo do corpo, que seria tão investigado alguns poucos séculos
mais adiante. Ao contrário do que era produzido até então, o corpo retratado por Bondone ganha
contornos e sombreamentos e, mais importante, movimento. O corpo se torna um depositório
de saberes a serem investigados.
Figura 1 - Giotto di Bondone, 1305, “A Lamentação”, afresco da Capela degli Scrovegni
Fonte: https://clicnavegantes.com.br/colunas/arte-sacra-a-lamentacao-giotto-di-bondone-1267-1337/
Na figura 1, A lamentação, de 1305, afresco da Capela degli Scrovegni, em Pádua, Itália,
Giotto di Bondone traduz essa hierarquização divino versus humano, que estava bastante
popular séculos antes no continente. É comum ao período a representação de cenas bíblicas,
dando à crucificação de Cristo todo o teor de tensão máxima da existência humana.
-se nesta figura a aproximação mais emotiva de figuras jovens em relação ao único
idoso da cena, mais afastado, com semblante contemplativo. Todos estão em execução de
alguma ação ou prestes a fazê-la. Aos que permanecem vivos, cabe chorar o corpo de Cristo,
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lamentando sua morte na crença de uma ressurreição; ainda que ao idoso caiba mais uma
contemplação de uma morte igualmente vindoura. A mesma situação se repete em tantos outros
exemplos imagéticos que tentam dar conta das cenas católicas popularizadas a partir dessa
linguagem que mistura fé e organização social.
ICONOGRAFIA DA PESTE E DO CORPO: UMA INTERPRETAÇÃO IMAGÉTICA
Como a intenção dessa pesquisa é, de certo modo, também pensar como a iconografia
artística pode fornecer pistas das transformações da representação do corpo, traz-se como
exemplo uma famosa representação das constantes epidemias causadas pela peste, a pintura
Triunfo da morte, de Pieter Bruegel.
Figura 2 - Pieter Bruegel, o Velho, 15621563, “Triunfo da Morte”
Fonte: https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-triumph-of-death/d3d82b0b-9bf2-4082-
ab04-66ed53196ccc
Um exército de esqueletos emerge da Terra para causar cenas de destruição em toda a
cidade. Ao centro da figura 2, um esqueleto representa a morte liderando um exército montada
em um cavalo amarronzado, ao espalhar destruição no mundo dos vivos. Os sobreviventes são
encaminhados para um enorme caixão, sem possibilidade de salvação (Moratelli, 2023).
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Conforme Philippe Ariès (2000), a relação entre morte e riqueza/pobreza é deveras
ampla ao se tentar definir as visões que se tinha sobre a vida. Uma dessas formas seria
demográfica, consistindo na desigualdade diante da enfermidade, principalmente devido ao
avanço da peste. A segunda forma estaria na diferença de atitudes existentes entre o rico e o
pobre perante a morte. Segundo aponta Ariès, com a Modernidade “a rejeição ou o horror
da morte invadirá áreas inteiras na civilizão ocidental” (2000, p. 105). Antes disso, os fatores
de troca eram de outro patamar: referem-se à consciência que se tem da própria individualidade
ou, pelo contrário, pelo sentimento de um fatum coletivo ao qual não se abandona.
Durante o primeiro milênio da história do sentimento cristão, o fiel entrega seu corpo
ad sanctos, ou seja, também se considera um santo (Ariès, 2000, p. 111). Além da questão
filosófica, havia a questão prática. “Morrer não era algo muito além do que fosse familiar,
do que fosse cotidiano, pois morria-se muito naqueles tempos. Ninguém, no contexto
medieval, precisava preparar-se para a morte, uma vez que não é comum alguém preparar-se
para algo com que já esteja familiarizado” (Rodrigues, 1999, p. 123).
Já foi mencionado o contexto das pestes, mas é pertinente reforçar o quanto as vítimas
eram assoladas pelo que se chamou de desconhecido. Se na figura 1, o sujeito idoso apenas
contempla a morte, na figura 2 ele não aparece em primeiro plano. Isso porque as enfermidades
“desconhecidas” colocam em certa igualdade estratos sociais tão demarcados em diferenças.
São todos um amontoado de corpos espalhados aos chãos, à espera da sorte para quem sabe,
sobreviver diante do caos que se alastra por todas as partes. Não conceitos de organização
nesta possibilidade, como se analisa na figura 2.
A virada do século XVI marca a mudança de pensamento sobre todo o poder de
conhecimento conferido à Igreja, fortemente caracterizada pela superstição e por uma
interpretação unilateral sobre a vida. É uma fase de transição que se faz presente na
interpretação de A Extração da Pedra da Loucura, figura 3, uma das obras pictóricas do
holandês Hieronymus Bosch [1450-1516], onde estão representadas a loucura e a credulidade
humana. O que se retrata nesta obra é uma operação cirúrgica típica da época extirpação de
uma pedra que causaria loucura. Acreditava-se, pois, que os loucos tinham pedra na cabeça.
Observemos que tal imagem foi criada quase às vésperas dos estudos renascentistas que
passaram a dissecar cadáveres, no rompimento da ideia até então tão enraizada de que o corpo
humano era inviolável.
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Figura 3 - Hieronymus Bosch, 1501, “A Extração da Pedra da Loucura”.
Fonte: https://santhatela.com.br/hieronymus-bosch/bosch-a-extracao-da-pedra-da-loucura-1501/
Na pintura de Bosch um falso médico adornado com um funil, símbolo da estupidez,
extrai algo da cabeça do velho louco. Mas o que dele se extrai é uma flor. A bolsa de dinheiro
do médico é atravessada por um punhal, símbolo do seu delito. É usado como uma crítica aos
que acreditam estar em posse do saber; mas que, afinal, são mais ignorantes que aqueles a quem
pretendem se curar. Um frade velho o orienta e uma freira observa tendo um livro fechado sobre
a cabeça, em alusão à superstição de que se acusava o clero. Pode ser entendido como uma
crítica à concentração da sabedoria mantida pela Igreja. O corpo era considerado pecaminoso.
Neste caso, na impossibilidade “de controlá-lo, de domá-lo completamente, a Igreja busca
codificar” (Le Goff e Truong, 2012, p. 93).
Essa codificação do corpo permitia conviver com a possibilidade da morte de forma
amena. Não havia caráter dramático ou emoção excessiva (Ariès, 2000). Ainda hoje, quando se
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fala da naturalização da morte, remete-se a esta época medieval, quando a mesma era
considerada banalizada (Rodrigues, 1999). O nível social do medo da morte não foi constante
nos muitos séculos da Idade Média, só se intensificando com o agravamento das pestes após o
crescimento das cidades. “As pessoas temiam a morte ao seu redor. Pregadores e frades
mendicantes reforçavam tal medo” (Elias, 2001, p. 10).
A figura 3 nos proporciona ainda outra leitura. Tal como o paciente, o frade é idoso.
Mas o médico, aquele que tenta trazer solução aos problemas do enfermo, não. A crítica à
concentração da sabedoria até então sempre guiada pela Igreja também nos parece uma crítica
etária. O corpo idoso está representado como doente e quem poderia ajudá-lo já não é capaz de
fazê-lo.
Por fim, a pintura Danse Macabre, figura 4, de Bernt Notke [1440-1509], presente na
atualidade na Igreja de Saint Nicolau, em Tallinn, Estônia. Percebe-se como os nobres são
acompanhados por caveiras que dançam ao seu redor. As figuras são representadas de forma
próxima às pessoas, expressando ideia de desqualificação da organização social medieval, e
mostrando que a dança da morte une a todos, “(...) ainda que existissem diferentes níveis sociais
entre eles, a morte os tornava iguais” (Gimenez, 2011, p .46).
Figura 4 - Bernt Notke, 1493, “Danse Macabre”
Fonte: https://www.planocritico.com/plano-historico-danse-macabre/
A aproximação da morte com o cotidiano social, como já mencionado anteriormente, se
traduz numa representação na qual os indivíduos são zombados pela caricatura de caveiras
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seminuas, apenas vestidas de trapos de panos brancos. Ainda no século XIV, a peste da Dança
da Morte causaria danos a várias sociedades europeias, mas ela seria pintada e reproduzida
no final do século XV. A doença causava espasmos musculares a ponto de fazer com que as
pessoas se movimentassem involuntariamente por horas e dias.
Observemos nesta representação como o corpo, até então, visto como objeto de pecado,
é visitado pelas figuras do mal que tentam levá-lo para a morte. As imagens de um nobre e sua
acompanhante, na figura 4, não parecem temer tais caveiras, porém trazem consigo uma espada
e um crucifixo (o mais idoso), como forma de expor uma tentativa de proteção. A mais jovem
tem gestos que parecem tentar afastar as figuras nefastas, mas é o mais idoso quem precisa
expor sua protão (Moratelli, 2023). As caveiras se direcionam à figura feminina, mais jovem,
como uma forma de perceberam que o homem não lhe interessa, por estar com “os dias
contados”.
A exclusão dos moribundos na sociedade contemporânea, indo ao recolhimento de suas
últimas horas, indica o quanto somos mais sensíveis em relação ao sofrimento e ao ritual da
morte do que os que viveram na Idade Média (Elias, 2001). Mas a interpretação de algumas das
imagens do período nos faz questionar o quanto os valores sobre os que eram classificados
como mais vulneráveis se mantiveram ou se aprofundaram, mesmo em um outro contexto
sociopolítico. A velhice é uma categoria que, construída socialmente, obedece a significações
que ditam ordenamento de prioridades. O corpo velho é dotado desde culos passados, de uma
proximidade íntima com a morte. E se ela causa hoje nas pessoas desconforto e as leva a se
afastar, é porque as perturbações provocadas pela morte acontecem quando o homem teme a
perda de sua própria identidade (Morin, 1970) e função social. Assim, a relação da morte com
a velhice explica a repulsa que o termo envelhecimento causa nos tempos atuais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo procurou compreender como o sujeito envelhecido é representado em
algumas conhecidas obras de arte que atravessam o pensamento vigente na Europa antes da
marcação da era industrial e da Modernidade. Ao explanar conceitos que se firmaram diante de
agitações e transformações sociais de consequências únicas para a humanidade, o trabalho
levanta a hipótese da origem dos conceitos hoje enraizados no Ocidente. Desde aquele período,
a velhice, como comumente chamamos uma certa etapa da vida biológica, é entendida pela sua
proximidade com a finitude, incapacidades e doenças; portanto, por uma origem aparentemente
medieva.
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Ainda que o objeto central tenha sido a representação da velhice, é importante salientar
a reflexão sobre a morte do ponto de vista do poder vigente à época, oriundo da Igreja Católica,
pois a forma como se entende a finitude ao longo dos tempos também norteia reflexos da velhice
na atualidade. Essa mudança significativa de se compreender a morte, cujas raízes aparecem na
força da Igreja na Idade Média, influenciaria em muito as transformações sociais vindas a
seguir, e que culminaria na ruptura promovida pela cultura renascentista dos séculos XV e XVI.
A discussão que se baseia em pistas sobre compreensões da velhice não se esgota aqui,
abrindo outras possibilidades de interpretação artística a partir de tantas representações
imagéticas. Isso faz com que a velhice, assunto cada vez mais necessário de ser alvo nos estudos
acadêmicos, dialogue multidisciplinarmente entre História, Sociologia e Estudos Culturais e
Comunicacionais, indo além do campo da gerontologia. No desafio do começo dessa terceira
década do século XXI, após a pandemia de Covid-19 que reviveu o cruel estigma do idoso
como um ser descartável, discussões que abarquem possibilidades de compreensão histórica
das origens desse pensamento auxiliam no combate ao etarismo e na maior valorização de quem
sempre foi posto à margem do protagonismo social.
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