Revista Coletivo Cine-Fórum | v. 3 - n. 1 | jan-abr | 2025 | ISSN: 2966-0513 | DOI: 10.63418/rccf.v3i1.73  
Submetido em: 23/01/2025 Aceito em: 31/03/2025  
Carlos Henrique Durlo  
Doutor em letras pelo  
Programa de Pós-  
A SIMBOLOGIA DA ÁGUA NAS CANTIGAS DE MILAGRE, DE  
DOM AFONSO X: CANTIGA 95 DE SANTA MARIA  
graduação em Letras (PLE)  
da UEM - Área de  
Concentração: Estudos  
Literários. Linha de  
Pesquisa: Literatura e  
Historicidade (UEM/PLE -  
2023) - Doutorado  
financiado pela CAPES.  
Mestre em Letras - Área de  
concentração: Estudos  
Literários pelo Programa  
de Pós-Graduação em  
Letras (PLE) da UEM com  
bolsa cedida pela agência  
de fomento CNPq.  
Pesquisador do grupo  
Estudos de Paisagem nas  
Literaturas de Língua  
Portuguesa da  
RESUMO  
As Cantigas de Santa Maria, compostas no século XIII por ordem de D. Afonso X, o Sábio,  
constituem um rico painel da cultura medieval e revelam a profunda relação entre o homem  
do medievo e a natureza, especialmente a água que, nesse cenário, emerge como elemento  
central, carregado de simbolismo e significado. Em um contexto marcado pela forte  
religiosidade e estreita relação entre o homem e a natureza, a água, presente em diversas  
manifestações desde as chuvas que fertilizam a terra até os oceanos que inspiram temor –  
, assume um papel fundamental nos milagres atribuídos à Virgem Maria. A CSM 95, por  
exemplo, narra um episódio em que a Virgem acalma uma tempestade, transformando a  
água, antes ameaçadora, em instrumento de salvação. A análise da água nas Cantigas de  
Santa Maria permite-nos compreender como esse elemento natural se entrelaça com o  
sagrado, mediando a relação entre o homem e o divino. A Virgem Maria, como figura  
materna e protetora, utiliza a água como instrumento para realizar seus milagres,  
demonstrando seu poder sobre as forças da natureza e sua compaixão pelos homens. Ao  
explorar essa temática, este trabalho busca contribuir para uma melhor compreensão da  
religiosidade popular medieval e da relação entre o homem e ambiente. A água, além de  
elemento essencial à vida, revela-se como um poderoso símbolo cultural, carregado de  
significados que transcendem o tempo e o espaço. As circunstâncias que envolvem a água  
são múltiplas, tornando-se elemento primordial e protagonista dos milagres realizados por  
intermédio da Virgem Maria, indicando-nos a relação existente entre os grupos humanos e  
o meio em que estes estavam envoltos.  
Palavras-chave: Água. Cantigas de Santa Maria. Milagres. Imagens. Texto.  
Universidade Federal  
Fluminense (UFF-RJ).  
Membro Convidado do  
Grupo de Estudos  
THE SYMBOLISM OF WATER IN THE MIRACLE SONGS OF  
DON AFONSO X: CANTIGA 95 DE SANTA MARIA  
Medievais da ANPOLL  
(GTEM). Membro da  
Associação Brasileira de  
Estudos Medievais  
(ABREM). Professor na  
FATEC Ivaiporã-PR.  
Professor Titular do Curso  
de Letras - Faculdade  
Eficaz de Maringá-PR.  
ABSTRACT  
The Cantigas de Santa Maria (Songs of St. Mary), composed in the 13th century by order  
of King Afonso X the Wise, constitute a rich panel of medieval culture and reveal the deep  
relationship between medieval man and nature, especially water which, in this scenario,  
emerges as a central element, full of symbolism and meaning. In a context marked by strong  
religiosity and a close relationship between man and nature, water, present in various  
manifestations - from the rains that fertilize the earth to the oceans that inspire fear - plays a  
fundamental role in the miracles attributed to the Virgin Mary. CSM 95, for example,  
recounts an episode in which the Virgin calms a storm, transforming the previously  
threatening water into an instrument of salvation. Analyzing water in the Cantigas de Santa  
Mariaallows us to understand how this natural element intertwines with the sacred,  
mediating the relationship between man and the divine. The Virgin Mary, as a maternal and  
protective figure, uses water as an instrument to perform her miracles, demonstrating her  
power over the forces of nature and her compassion for men. By exploring this theme, this  
work seeks to contribute to a better understanding of medieval popular religiosity and the  
relationship between man and the environment. As well as being an essential element for  
life, water is a powerful cultural symbol, loaded with meanings that transcend time and  
space. The circumstances surrounding water are manifold and it has become an element of  
our lives.  
Este artigo passou por  
avaliação por pares cega e  
software anti-plágio.  
Keywords: Water. Cantigas de Santa Maria. Miracles. Images. Text.  
LICENÇA ATRIBUIÇÃO NÃO  
COMERCIAL 4.0 INTERNACIONAL  
CREATIVE COMMONS CC BY-NC  
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INTRODUÇÃO  
As Cantigas de Santa Maria(CSM), obra compilada no Scriptorium do rei Dom  
Afonso X, o Sábio, apresentam-nos um amplo e rico painel da cultura medieval, por  
meio da linguagem poética e imagens visuais que se entrelaçam para transmitir  
valores, crenças e experiências humanas. Neste artigo, tendo como base nossa tese de  
doutorado intitulada Pureza e purificação: a água nos milagres da Virgem, em Cantigas de  
Santa Maria, de Dom Afonso X, o Sábio e publicada pela editora Pedro e João Editores  
em E-book, apresentaremos a análise da Cantiga 95 de Santa Maria, explorando a  
presença e o simbolismo da água por meio do texto e da iluminura que, adiante,  
abordaremos.  
Dentre os vários símbolos e imagens presentes nos textos das Cantigas e nas  
iluminuras, estudamos a importância da água, presente em todos os âmbitos e cenários  
da vida e da história do povo do medievo, bem como seu significado, simbolismo e  
mística. A água e seu valor simbólico tem origem no mundo religioso. De acordo com  
Valdivieso (2016), a água  
Puede marcar la vida y la muerte, y proporciona sustento en lá más amplio  
sentido que podamos darle a esta afirmación, ya que si es certo que sin agua  
no hay vida, También los es que sin ella no podrían desarrollarse las diferentes  
actividades agrícolas, artesanales e industriales, y aún las comerciales, ya que  
el mar, los ríos y nos calanes son vías de comunicación de primeira  
importancia (Valdivieso, 2016, p. 9).  
A água, por vezes, associa-se às representações geográficas como um veículo ou  
obstáculo, ou, ainda, como cenário de travessia ou local de encontro. Freitas (2016, p.  
139) esclarece que “[...] na poesia trovadoresca e nos romances de cavalaria, a água é  
lugar de histórias pessoais ou coletivas, onde a distância do ente amado é uma  
realidade constante”. Nesse sentido, as Cantigas de Santa Maria, acompanhadas pelas  
1 Pode marcar a vida e a morte, e proporciona sustento no mais amplo sentido que podemos dar para esta afirmação,  
já que é certo que sem água não há vida, também sem ela não poderia se desenvolver as diferentes atividades  
agrícolas, artesanais e industriais, além das comerciais, já que o mar, os rios e os canais são vias de comunicação  
de primeira importância (Valdivieso, 2016, p. 9 tradução nossa).  
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iluminuras medievais, por meio de imagens e cores, expressam paisagens, emoções e  
situações referentes à realidade da vida, registradas nos versos das cantigas.  
Baseados nessa premissa,  
Seria possível afirmar que na pintura, iluminura e literatura, as  
paisagens são reais e são imaginadas, no entanto, mesmo as cenas mais  
fantasiosas relatam um quotidiano real que se encontra na base da  
construção da mensagem e a legitima. Neste contexto de real e  
imaginado, as reproduções e as descrições de cenários da água  
desenvolvem-se em torno de uma realidade à qual se acrescentou uma  
história imaginada e se acrescentaram emoções que marcam o leitor  
(Freitas, 2016, p. 140).  
A água, enquanto símbolo, está ligada a diferentes espaços naturais, tornando-  
se um elemento chave e revelador das emoções e rituais cotidianos. Conforme afirma  
Borges Filho (2009, p. 169), “[...] o ser humano se relaciona com o espaço circundante  
através de seus sentidos. Cada um deles estabelece uma relação de  
distância/proximidade com o espaço [...]”. Portanto, podemos definir o espaço como  
um conjunto de signos que produz representatividade no texto literário, permitindo-  
nos considerá-lo sagrado como um objeto concreto de valores humanos. Nessa mesma  
direção, Gaston Bachelard (2018, p. 17) esclarece que  
a
água nos  
é
apresentada/revelada como um ser total, ou seja, um ser que possui corpo, alma e voz,  
tornando-se, assim, uma realidade poética completa.  
Todavia, os versos das cantigas, por vezes, são limitados e, nem sempre,  
explicam o simbolismo da água. Desse modo, as ricas ilustrações das Cantigas de Santa  
Maria, presentes nas iluminuras historiadas e bordas ricamente decoradas, oferece-nos  
um expressivo cenário imagético essencial para a compreensão e simbolismo da água.  
Michel Collot (2013, p. 23) explica que a relação existente entre o espaço e o ser humano  
nos leva a perceber o horizonte, partindo do ponto de vista observado e do objeto  
retratado pela imagem ou narrado pelo texto verbal.  
Durlo (2023, p. 24) nos lembra que  
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para a sociedade medieval, a água era largamente utilizada nas  
romarias, na agricultura, nos ritos religiosos, na purificação dos fiéis e,  
principalmente, na operação dos milagres da Virgem registrados nas  
Cantigas de Milagre, apresentando os mais diferentes cenários nos  
versos e nas iluminuras. Colocamo-nos, assim, diante de uma obra que  
resume e encarna os valores mais característicos de uma rica tradição  
cristã e cultural do medievo, fundindo, em um mesmo corpus  
(cancioneiro afonsino), poesia, imagens e música. A água, enquanto  
símbolo da pureza e da purificação, faz-se presente nos textos e nas  
ilustrações associadas aos milagres da Virgem Maria.  
As Cantigas de Santa Maria, expressão da religiosidade medieval, revelam a  
água como um poderoso símbolo carregado de significados profundos. Nas cantigas,  
a água está presente em diversas manifestações, desde as fontes purificadoras até os  
mares tempestuosos, simbolizando a vida, a morte, a renovação e a purificação. A  
análise das iluminuras, em conjunto com os textos, revela a complexidade dessa  
simbologia e sua relação com as crenças e práticas religiosas da época. A água, nesse  
contexto, não é apenas um elemento natural, mas também um mediador entre o  
mundo terreno e o divino, conectando o homem à divindade e à natureza.  
É sempre importante lembrarmos que nem sempre o tema água aparecerá de  
forma explícita no texto poético. Na cantiga selecionada para a análise que compõe  
este artigo, CSM 95, entre tantas outras, a água está presente nos versos de forma  
implícita, cuja aparição, função e simbologia será atestada e confirmada pela  
iluminura. É nessa direção que Cea (2016, p. 154) aponta ao dizer que “los minuciosos  
trabajos de los miniaturistas nos sirven, a su vez, para conocer com certo detalle las principales  
funciones del agua2.  
Diante do exposto, é importante ressaltar que, na análise a seguir, levamos em  
consideração não apenas o texto poético, mas a narrativa revelada pelas iluminuras,  
tendo em vista, como ressalta Durlo (2023, p. 166) “que essa narrativa não-verbal  
apresenta detalhes e ricos dados que, por vezes, não estão presentes nos versos da  
2
Os minuciosos trabalhos dos miniaturistas nos servem, por sua vez, para conhecer, com certos detalhes, as  
principais funções da água (Cea, 2016, p. 154 tradução nossa).  
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cantiga”. Contudo, nossa análise limitar-se-á às vinhetas (imagens) que retratam a  
água. Passemos, então, para a leitura analítica do texto e iluminura da CSM 95.  
AS ÁGUAS DO MAR E DOS RIOS: PERIGO, SALVAÇÃO, MORTE E  
RESSURREIÇÃO: ESTUDO DA CSM 95  
A água desempenha um papel decisivo nas narrativas das Cantigas de Santa  
Maria, tanto como elemento de cura e renovação quanto como força destrutiva. As  
tempestades e os naufrágios servem como pano de fundo para os milagres marianos,  
nos quais a Virgem intervém para salvar os aflitos e restaurar a ordem natural. Nesse  
sentido, Cea (2016, p. 159) nos lembra que são várias as personagens que morrem  
afogadas ou cruzando os rios. Por vezes, são vítimas de acidentes casuais. Além disso,  
sobre o aspecto das águas revoltas do mar, Bachelard (2018, p. 174-175) registra: “[...]  
o mar é um inimigo que tenta vencer e afrontar; o nadador tem a impressão de chocar-  
se com todo o seu corpo contra os membros do adversário. [...] A água violenta é um  
esquema de coragem”.  
Vejamos como se dá a presença da água na CSM 95. O argumento nos indica a  
temática da cantiga: Como Santa María livrou un séu ermitán de prijôn duus mouros que o  
levavan a alên mar, e nunca se podéron ir atá que o deixaram3.  
O texto relata-nos a história de um milagre realizado pela Virgem Maria em  
favor de um conde da Alemanha que havia deixado sua terra para viver como ermitão  
em uma capela (ermida) à beira-mar em Portugal, conforme atestam os versos: Desto  
direi un miragre que ua vegada / demonstrou a Santa Virgen benaventurada / por un conde d’  
Alemanna, que houve leixada / sa terra e foi fazer en Portugal morada / encima dua ermida4  
[...].  
A narrativa revela-nos que o nome do conde alemão (ermitão) era Abrão (El  
Cond’ Abrán foi aqueste) e que este jejuava de forma rigorosa e abstinha-se de vinho (que  
3
Como Santa Maria livrou um ermita aprisionado pelos mouros que queriam levá-lo além-mar, mas não  
conseguiram ir enquanto não o deixassem voltar para a ermida (Mettmann, CSM 95 tradução nossa).  
4
Contarei sobre um milagre que realizou a Virgem Maria, a Bem-aventurada, a um conde da Alemanha, o qual  
deixou sua terra para morar em Portugal, no alto do monte, no interior de uma ermida (Mettmann, CSM 95 –  
tradução nossa).  
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nunca carne comía nen pan nem bocado [...] / e d’ ele já bever vinno non éra pensado [...].).  
Embora tivesse o costume de pescar, sempre que pegava os peixes, em decorrência do  
jejum, ele os doava (mas pero alguas vezes filava pescado, que dava sen haver ên dinneiro nen  
mealla).  
Certo dia, durante sua prática diária de pesca, avistou alguns navios mouros  
que vieram da África para atacar a Espanha ([...] estand’ um día pescando com’ éra as  
manna, / chegaron alí navios de mouros, companna / que ben d’ África veéran por correr  
Espanna). Quando os mouros chegaram à ermida, prenderam Abrão, fechando-o no  
porão do navio (déron con el no navio). Feito isso, os mouros guerrearam e roubaram  
tudo o que encontravam pela frente (E pois est’ houvéron feito, fezéron gran guerra, /  
rouband’ en mar quant’ achavan).  
Todavia, conforme descreve os versos da cantiga, a cada noite, sob a luz da lua,  
os marinheiros içavam as velas e enfrentavam os ventos, buscando romper as amarras  
que os prendiam à costa (fez que se non podéron alongar da sérra). No entanto, ao  
amanhecer, encontravam-se novamente aprisionados pelas rochas, como se uma força  
invisível os arrastasse de volta (e quanto toda a noite éran alongados / da pena, ena mannaa  
i éran tornados). Essa experiência sobrenatural, que desafiava a compreensão humana,  
pode ser interpretada como uma metáfora para os obstáculos que a vida nos impõe,  
ou como uma manifestação do divino, um sinal de que o destino já estava traçado.  
Conforme narra a sétima estrofe, isso aconteceu durante três noites seguidas (est’ aveo  
per tres noites aos malfadados). Os mouros se assustaram com aquele feito e chamaram  
Mohammed, o filho de Abdala para que pudesse instruí-los na forma de agir (E quando  
aquesto viron, foron espantados / e chamaron Mafométe, o fillo d’ Abdalla).  
O almirante, Arrendaffe, era um homem sábio e de larga vivência (Mais o almiral  
dos mouros éra entendudo, / que nom’ Arrendaf’ havia). Ao ouvir o relato dos marinheiros,  
lembrou-se do prisioneiro que eles haviam conduzido ao porão e revelou que ele  
poderia ser a fonte de todo aquele problema (e nembrou-lle daquel hóme que fora metudo  
/ ena sóta da galéa e i ascondudo, / e teve que por est éra séu feito perdudo) e ordenou que o  
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homem fosse conduzido ao convés. Estando o ermitão na presença de todos,  
Arrendaffe convidou-o a pegar o que quisesse do rico saque que haviam realizado:  
prata, ouro ou tecidos finos (E mandó-o tirar fóra e poss-ll’ our’ e prata / deant’, e panos de  
seda, outros d’ escarlata e mandou que os filasse como de ravata). Todavia, o conde explicou  
que era um eremita e não aceitaria mais nada dos mouros (E el lles contou entôn qual  
vida mantevéra / [...] e que al non fillaría do séu nemigalla).  
Ao ouvirem o que fora contado pelo ermitão, levaram-no de volta à ermita (E  
eles, quand est’ oíron, fóra o poséron / en aquel logar mesmo onde o preseron). Em seguida,  
levantaram as velas e, imediatamente, pegaram um bom vento que levou o navio para  
longe (Tan tóst’ alçaron sas veas, e bon vent’ houvéron).  
Segundo Durlo (2023, p. 222),  
todas as vezes que os mouros encontravam o conde Abrão não o  
machucavam porque o tinham em reverência (mais el Cond’ Abrán  
acharon pois muitas vegadas / mouros que correr viínan con barcas armadas,  
/ e non lle fezéron mal, d’ atant’ houv’ avantalla). A notícia do milagre se  
espalhou e as pessoas se reuniram naquela ermida para louvar a  
Virgem (Estas novas pela terra foron mui sõadas, / e gentes de todas partes  
foron i juntadas, e a Santa María loores porên dada).  
Após explorarmos a narrativa da CSM 95, passemos à análise da iluminura que  
acompanha o texto poético. As imagens que narram a CSM 95 são verdadeiras janelas  
para o universo simbólico medieval, em especial no que se refere ao significado da  
água em sua composição artística. Por meio de suas cores vibrantes e representações  
iconográficas, as seis vinhetas de cada uma das folhas nos transportam para o universo  
narrativo e criativo da cantiga. A análise comparativa entre o texto poético e as  
imagens que nos são apresentadas revela uma interação de extrema riqueza, no qual  
cada elemento imagético complementa e enriquece o significado do texto escrito. A  
representação da água nas iluminuras assume diferentes conotações que vão desde a  
pureza à renovação até a força e o poder destrutivo (tormentas, tempestades etc.),  
refletindo, assim, a complexidade do simbolismo da água na cultura medieval.  
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Figura 1 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F136v/F138v  
Passando à análise das iluminuras da CSM 95, embora a água esteja presente  
em toda a extensão dessas imagens, é a partir da quarta vinheta do primeiro fólio que  
a temática se torna central. No primeiro quadro, o miniaturista retrata o ermitão que  
parte de sua terra natal, a Alemanha, em direção a Portugal, estabelecendo morada em  
uma pequena capela (Desto direi un moragre que ua vegada / demostrou a Santa Virgen  
benaventurada / por un conde d’Alemanna, que houve leixada sa terra e foi fazer en Portugal  
morada / encima dua ermida). Percebemos que a pequena igreja está sobre um monte, o  
qual é margeado pelas águas do mar de Portugal (préto da salgada / agua do mar).  
Figura 2 Vinheta 1 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F136v  
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A imagem acima nos revela a dimensão visual da experiência religiosa  
medieval. A presença dos homens em direção ao local sagrado (ermida), guiados pelas  
cores verde e azul, reforça a ideia de um caminho espiritual em busca da salvação.  
Tendo por base a obra de Michel Pastoureau (2016), importa-nos lembrar que a escolha  
dessas cores não é casual, pois nos remete à natureza e à divindade, elementos  
fundamentais na cosmovisão medieval.  
A segunda vinheta estabelece um diálogo visual com a segunda estrofe da  
cantiga, retratando o conde Abrão em sua ermida. A imagem do conde, imerso em  
oração, reforça a ideia de devoção à Virgem Maria e santidade presente nos versos (El  
Cond’ Abrán foi aqueste, de mui santa vida, / que fez mui gran peedenç’ en aquela ermida /  
servind’ a Santa Maria, a Sennor comprida / de todo ben). A segunda vinheta nos oferece  
uma representação íntima da devoção do conde Abrão. A luz que incide sobre sua  
figura, contrastando com a penumbra da ermida, evoca a iluminação espiritual que ele  
experimenta ao entrar em contato com o sagrado. A presença do mar, que se avista ao  
fundo, pode ser interpretada como um símbolo da imensidão divina e da busca pela  
transcendência.  
Diante dessa premissa, o mar representa a vastidão do desconhecido, um  
espaço de infinitas possibilidades. Ele é o símbolo do inconsciente coletivo, um  
reservatório de energias primordiais e emoções profundas. Essa imagem, em conjunto  
com o texto poético, nos convida a refletir sobre a experiência religiosa medieval e a  
importância da natureza como espaço de encontro entre o homem e o divino. Pois, a  
imprevisibilidade do mar simboliza os desafios e as provações da vida.  
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Figura 3 Vinheta 2 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F136v  
A terceira vinheta nos mostra a intersecção entre o sagrado e o profano.  
Enquanto o conde prepara as refeições, ele exerce um ato de serviço que conecta o  
espiritual com o material. A mesa posta, com uma toalha branca, simboliza a pureza e  
a simplicidade da vida monástica, ao mesmo tempo em que satisfaz as necessidades  
básicas dos peregrinos que, assim como o ermitão, rendem louvores à Virgem Maria  
([...] mais o que de comer éra adubar fazia / pera as gentes que viínnan i en romaria, / ca eles os  
convidava e os recebía, / con que lles parava mesa en branca toalha). Visualizamos, na  
imagem, a presença de três personagens que comem e bebem na presença do conde  
Abrão.  
Figura 4 Vinheta 3 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F136v  
A terceira vinheta nos transporta para a cozinha da ermida, onde o conde  
Abrão, com as mãos calejadas, prepara uma refeição simples para os peregrinos. O  
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caldeirão fumegante, suspenso sobre o fogo, exala um aroma convidativo, enquanto a  
mesa posta com um jarro de vinho e um cesto de pão simboliza a hospitalidade e a  
partilha. No entanto, a tranquilidade dessa cena é interrompida na quarta vinheta  
(figura 5), com a chegada inesperada de piratas mouros. A imagem do conde sendo  
levado prisioneiro, algemado e conduzido para o porão do navio, contrasta com a  
serenidade da cena anterior, anunciando uma nova fase em sua vida, marcada pela  
provação e pela incerteza (El atal vida fazend’ en aquela montanna, / estand’ un día pescando  
com’ éra sa manna, / chegaron alí navios de mouros, companna / que ben d’ África veéran por  
correr Espanna / e filláron aggina e con mui gran sanna / déron con el no navio). Na imagem  
a seguir, vemos o nobre, no ato da pesca, sendo interpelado por dois homens, enquanto  
o navio dos mouros se aproxima do local. Notamos a presença das cores azul e  
vermelho de forma predominante.  
Figura 5 Vinheta 4 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F136v  
A quinta vinheta nos apresenta um contraste marcante com as cenas anteriores.  
A serenidade da ermida, reflexo do silêncio, oração, contemplação e devoção, é  
substituída pela violência e pela incerteza do mar (piratas do mar mouros). O conde  
Abrão devoto confesso da Virgem , amarrado e amordaçado, é arrastado para as  
profundezas do navio pirata. A escuridão, intensificada pelas máscaras negras dos  
piratas, evoca um imaginário coletivo profundamente enraizado na visão de mundo  
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ocidental, onde o preto historicamente carrega conotações de mal, opressão e perigo.  
Para aprofundar essa análise, recorremos aos estudos de Michel Pastoureau (2016), um  
historiador que dedicou sua carreira a desvendar os significados das cores. No  
contexto da cena descrita, a escuridão e as máscaras negras dos piratas se alinham com  
a associação histórica do preto ao mal e às trevas. Pastoureau (2016) observa que,  
durante a Idade Média, o preto era frequentemente ligado ao submundo, ao diabo e  
às forças do mal. Essa associação se reflete na representação dos piratas, cujas máscaras  
negras intensificam a sensação de perigo e opressão. Todavia, a imagem do conde, com  
os olhos fixos no horizonte provavelmente em oração à Mãe de Deus , expressa a  
angústia e a esperança na intervenção divina.  
Figura 6 Vinheta 5 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F136v  
Durlo (2023) ao analisar a cena, assim a descreve:  
Após colocarem o conde no interior da embarcação, quiseram sair pelo  
mar para assaltar todos aqueles que viam pela frente. No entanto,  
quando tentavam partir, o navio não se afastava da costa ([...] non  
podéron alongar da serra). Esse fato é retratado pela vinheta de número  
seis do primeiro fólio, a qual visualizamos a seguir (Durlo, 2023, p. 227  
grifos do autor).  
Sigamos com a análise, observando a vinheta 6 (figura 7) da CSM 95.  
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Figura 7 Vinheta 6 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F136v  
Segundo o que nos revela os versos do texto poético, à noite, não importava o  
quão longe eles navegassem ou pensassem estar navegando, pela manhã, como se não  
tivessem partido em viagem, encontravam-se no mesmo lugar, presos perto da ermida  
(e quanto toda a noite éran alongados / da pena, ena mannaa i éran tornados). Na imagem, é  
possível observar os barcos e os marinheiros retornando para a costa onde estava a  
ermida. Na imagem, o miniaturista retrata o mar calmo, com ondas baixas, propício  
para uma boa e calma navegação. Cenário que não justifica a impossibilidade da  
navegação.  
Passemos, agora, para o segundo fólio, também composto por seis vinhetas.  
Figura 8 Fólio 2 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F138v  
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A primeira vinheta apresenta aquilo que fora narrado nas estrofes oito e nove  
do texto poético: o almirante, que segundo a narrativa era um homem prudente e  
sábio, inferiu que o fato ocorrido ao longo de toda a noite era motivado pela prisão do  
ermitão (e nembrou-lle daquel hóme que fora metudo / ena sóta da galéa e i ascondudo).  
Figura 9 Vinhetas 1 e 2 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F138v  
De imediato, o comandante ordenou aos tripulantes que libertassem o  
prisioneiro (E mandó-o tirar fórai). A segunda vinheta nos transporta para o convés do  
navio pirata, onde o conde Abrão, amarrado e humilhado, é confrontado com a  
opulência do saque. Os piratas, com seus rostos obscurecidos por bandanas, exibem  
um baú repleto de ouro, joias e sedas. A oferta de riquezas é tentadora, mas o olhar do  
conde revela uma profunda tristeza e uma firmeza interior, demonstrando sua  
resistência à corrupção (pos-ll’ our’ e prata/ d’eant, e panos de seda, outros d’ escarlata, / e  
mandou que os filasse como de ravata).  
Figura 10 Vinheta 3 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F138v  
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Durlo (2023), ao analisar a cena, presente na figura acima (figura 10), afirma que  
ao testemunharem a atitude do conde Abrão e, ao saber que o homem  
vivia como eremita, os mouros levaram-no de volta ao lugar onde o  
encontraram, conforme observamos na imagem abaixo (E eles, quand’  
est’ oíron, fóra o poséron / en aquel logar mesmo onde o preseron). O  
miniaturista retrata  
o
velho homem retornando  
à
ermida,  
acompanhado por dois soldados mouros. Abaixo do monte, a  
embarcação que os levaram de volta à igreja (Durlo, 2023, p. 227 –  
grifos do autor).  
Após esse episódio, a tranquilidade da manhã deu lugar à agitação do mar o  
que é excelente para a navegação e, com as velas infladas pelo vento, os navios  
mouros partiram até o monte da ermida para devolver o conde ao local de origem (Tan  
tóst’ alçaron sas veas, e bon vent’ houvéron / e foron as vía que sól non se detevéron, / fendend’  
as ondas per meo ben come navalla).  
Figura 11 Vinheta 4 CSM 95  
Fonte: Códice Rico F 138v  
Na miniatura (figura 11), o miniaturista nos apresenta um tom de serenidade e  
paz, contrastando com a agitação das cenas anteriores. O conde Abrão, agora vestido  
de azul, contempla o mar calmo, expressando gratidão pela proteção divina. A  
imagem do conde, em sua ermida, com as velas acesas e a Bíblia aberta, simboliza a  
vitória da fé sobre o mal. A presença da cor azul, tanto no céu quanto em suas vestes,  
reforça a ideia de que a Virgem Maria o protegeu e o guiou em todos os momentos.  
Desse modo, ao analisarmos o texto da CSM 95 e a iluminura que a acompanha,  
percebemos que a água se faz presente no imaginário poético medieval, servindo de  
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meio para a realização dos milagres realizados pela Virgem. A água, que circunda o  
monte em que se encontra a ermida serve, também, como guardiã daqueles que se  
dedicam e confiam a vida à Virgem.  
CONSIDERAÇÕES FINAIS  
As Cantigas de Santa Maria, de Afonso X, o Sábio, em específico os textos que  
relatam os milagres a exemplo da CSM 95 apontam-nos diversos elementos ricos  
de simbologia. A água, enquanto símbolo, remete-nos à purificação, à salvação, à  
intervenção divina e a conexão entre o natural e o espiritual. Através dos milagres  
envolvendo água, as cantigas destacam a Virgem Maria como uma figura poderosa e  
misericordiosa, capaz de transformar a realidade e oferecer proteção e renovação aos  
seus devotos. Este simbolismo enriquece a compreensão das cantigas e oferece uma  
visão profunda da fé e da cultura medieval.  
A água aparece nas Cantigas de Milagre de diferentes meios e modos. Em alguns  
casos, trata-se de um elemento milagroso, capaz de curar doenças, aplacar a sede e  
tornar férteis as terras áridas. Em outros, é um obstáculo a ser vencido, como, por  
exemplo, o ataque e sequestro realizado pelos mouros contra o conde Abrão, conforme  
relata-nos o texto da CSM 95. O acervo do cancioneiro mariano de Dom Afonso X nos  
permite uma gama infinda de temas possíveis de apreciação. Todavia, destacamos,  
como elemento principal, a água. As circunstâncias que envolvem a água são  
múltiplas, tornando-se elemento primordial e protagonista dos milagres realizados  
por intermédio da Virgem Maria, indicando-nos a relação existente entre os grupos  
humanos e o meio em que estes estavam envoltos.  
A água presentifica-se em todos os ambientes e em todos os cenários  
apresentados nas CSM e nas iluminuras. Ao analisarmos os textos das cantigas, com  
foco na CSM 95 e na respectiva iluminura, averiguamos que a água, enquanto  
elemento integrado à sociedade presentificada no cancioneiro mariano, marca a vida  
e a morte, o perigo e o socorro. A simbologia presente nesse elemento da natureza  
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assume o papel de descritor de ações e emoções. Entre os espaços naturais, destaca-se  
o mar, pois, como vimos na cantiga analisada, tona-se local de conflito e perigo.  
Se, por vezes, o texto não nos apresentou, de forma clara e explícita, a presença  
e o simbolismo da água, a habilidade com que o miniaturista retratou as cenas na  
iluminura selecionada, ajuda-nos a perceber a verossimilhança nos distintos cenários,  
permitindo-nos descobrir inúmeros pequenos detalhes. As iluminuras que  
acompanham os textos poéticos das Cantigas são representações artísticas que auxiliam  
a transmissão da mensagem. Elas apresentam ilustrações ricas e detalhadas, ilustrando  
cenas relacionadas ao conteúdo narrado verbalmente. Nesse caso, as imagens  
possuem o objetivo de enriquecer a experiência visual dos leitores e ouvintes das  
canções. Ajudavam a transmitir a mensagem das músicas de forma mais impactante,  
proporcionando uma conexão mais profunda com as histórias e personagens  
retratados, em especial, a figura da Virgem Maria.  
A água, enquanto elemento primordial para o desenvolvimento das atividades  
do homem e da mulher neste contexto medieval, apresenta-se como meio para a  
realização de inúmeros milagres realizados pelo intermédio da Virgem Maria. Dessa  
feita, a água exerce papel fundamental para a ampliação do cristianismo, por meio do  
culto mariano, difundido e estimulado pela corte afonsina, manifestado pelos milagres  
expressos nos textos e nas imagens.  
REFERÊNCIAS  
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Monaterio de San Lorenzo de El Escorial, 2011. Disponível em:  
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Paulo: WMF Martins Fontes, 2018.  
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PASTOUREAU, Michel. Azul: história de uma cor. Lisboa: Orfeu Negro, 2016.  
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Ibéricos En La Baja Edad Media. Valência: Publicacions Universitat D’Alacant, 2016.  
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