RACISMO E MISOGINIA NA COMUNIDADE COSPLAY
ANÁLISE INTERSECCIONAL DE COMENTÁRIOS NO CANAL MAGIC PHYRA
DOI:
https://doi.org/10.63418/rccf.v3i1.70Palabras clave:
Cosplay, Racismo, Misoginia, Cultura de fãs, InterseccionalidadeResumen
O trabalho utiliza da intersecção de raça e gênero para analisar os comentários no vídeo MEU EXPOSED (e o preconceito na comunidade cosplay) da influenciadora digital negra, Magic Phyra. O objetivo é observar como violências interseccionais ocorrem em espaços digitais e físicos dedicados à comunidade cosplay, quais são os impactos e o enfrentamento e permanência ou não de pessoas que gostam da prática. Como referencial teórico, é acionado os conceitos de culturas, representação, estereótipo, imagens de controle, interseccionalidade, cultura de fãs, bem como a sua problematização. Como metodologia, foi analisado o conteúdo do vídeo de Magic, bem como os 499 comentários públicos dos vídeos. Foram criadas seis categorias de análise, focando em percepções de preconceito, racismo, misoginia e sexismo, clareamento de pele, desencorajamento e autoaceitação de cosplayers ou de pessoas que desejam iniciar ou voltar para a prática. Como resultados, as violências interseccionais são os principais fatores que afastam ou desencorajam a participação na comunidade. Muitas pessoas negras afirmaram clarear a pele com maquiagem e edição de fotos, perder peso e fazer cirurgias para se encaixar nas expectativas do padrão de personagens. A baixa representatividade negra no audiovisual limita as escolhas das pessoas negras, as fazendo se sentirem inseguras na hora de interpretar personagens brancos ou amarelos. Entretanto, com a influência digital, está sendo comum encontrar pessoas negras cosplayers, servindo de inspiração para outras, como é o caso de Magic Phyra, que enfatiza sobre a autoaceitação, adaptação do cosplay a seus corpos e de que a prática deve ser divertida e prazerosa para todas as pessoas.
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