MASCULINIDADES EM TENSÃO

DESAFIOS E RUPTURAS NOS CONTOS LA VITROLA E VER PARA CRER

Autores

DOI:

https://doi.org/10.63418/rccf.v3i1.86

Resumo

Este artigo analisa as construções da masculinidade nos contos La vitrola (Josefina Plá, 1953) e Ver para creer (Ángeles Mastretta, 2007), explorando o papel do homem na família e na sociedade, bem como as dinâmicas de gênero que permeiam essas narrativas. Ambos os textos apresentam diferentes representações da masculinidade, contrastando modelos tradicionais e opressores com figuras que desafiam normas estabelecidas. Em La vitrola, o protagonista Cepí, um jovem trabalhador, rompe com os padrões sociais ao se casar com Delpilar, uma mulher negra e mais velha. O casal enfrenta forte resistência da sociedade, e Cepí sofre intensa pressão para abandonar sua esposa, evidenciando o peso do preconceito e da discriminação. O conto aborda questões como racismo, etarismo e hipocrisia social, ao mesmo tempo que propõe uma visão alternativa da masculinidade, baseada no afeto e na resistência contra normas opressoras.  Já em Ver para creer, a narrativa segue Paula, uma mulher que dedicou sua vida ao marido, um político egocêntrico que a troca por uma mulher mais jovem. Após diversas tentativas de suicídio, Paula se reinventa e se torna uma executiva bem-sucedida. O conto critica a masculinidade pautada no poder e na ausência de empatia, revelando a desigualdade de gênero presente nas relações afetivas e sociais. Como suporte teórico, utilizamos as obras e estudos de Carla Akotirene (2019), Gerda Lener (1990), Antonio Candido (2006), dentre outros. Dessa forma, o estudo evidencia como as autoras utilizam a interseccionalidade de gênero, classe e etnia para questionar concepções tradicionais de masculinidade e sugerir novas perspectivas sobre as relações de poder.

 

Biografia do Autor

  • Betania Vasconcelos da Cruz, UFMT

    Mestrado em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (2019) e Doutorado em Estudos de Linguagens (UFMT) pela Universidade Federal de Mato Grosso (2024). Integra o Grupo de Pesquisa SEMIC - Semióticas Contemporâneas. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas.

     

  • Maria Elisa Rodrigues Moreira, Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    Doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais. É Docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da universidade Federal de Mato Grosso. Integra os Grupos de Pesquisa SEMIC - Semióticas Contemporâneas, CRITICUM - Correntes críticas modernas e contemporâneas e é coordenadora do Grupo de Estudos Palomar - Diálogos com Italo Calvino. Publicou artigos em diversas revistas on-line e os seguintes livros: Coleção, arquivo, biblioteca: a literatura de Borges e Calvino (2019), Cruzando fronteiras: literatura, interartes, intermídia (2020), Intermídias, transmídias e estudos culturais (2021).

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Publicado

26.05.2025

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Seção

Artigos

Como Citar

MASCULINIDADES EM TENSÃO: DESAFIOS E RUPTURAS NOS CONTOS LA VITROLA E VER PARA CRER. (2025). Revista Coletivo Cine-Fórum, 3(1), 51-67. https://doi.org/10.63418/rccf.v3i1.86